Viagem a Índia II – Milão – Nova Delhi

Milão- Nova Delhi
Ao entrar no avião, iniciamos nossa experiência e contato com a Índia, pois as comissárias estavam vestidas não com sáris, mas com túnicas, calças e véu na cabeça. A Classe Executiva totalmente diferente: são cabines na diagonal para garantir a privacidade. O serviço era completo com até massagem na poltrona. Ofereceram-nos um suco com muito gengibre e nada de álcool. Levantamos vôo e iniciaram o serviço: no cardápio, refeições para todas as religiões, e até vegetariana, com opção de vinho. A Rafa pediu o vegetariano e eu a outra opção. Havia talheres, mas a forma de servir já era diferente, com várias cumbuquinhas, molhos e muita pimenta. Pedi auxilio para entender a refeição e, confesso, estava divina. Ao término do jantar, as comissárias ofereceram-nos um pijama e fez nossas camas, com roupas de cama, travesseiro, cobertor e escova de dentes. A poltrona ficava totalmente na horizontal, com conforto absoluto. Uma delícia.
O café da manhã igualmente com opções de hábitos indianos e ocidentais e tudo impecavelmente servido. Quem diz que comida de avião é ruim precisa viajar pela Air Índia.

Nova Delhi
Para evitar problemas e preocupação, contratamos o traslado do Hotel The Leela, tradicional na arte de receber. Hóspede vip tem um andar especial com sala de estar para reuniões, café prive, happy hours, massagens e internet. O motorista, trajado elegantemente com luvas brancas, nos encaminhou a um BMW. Fomos conduzidos gentilmente e o motorista já nos colocou no clima da cidade com o mesmo som das áreas do Hotel. Na chegada impecável, duas indianas nos colocam um colar de flores e a gota de “bini”, no terceiro olho. Este sinal vermelho era apenas para as mulheres casadas, mas hoje até crianças já o utilizam. Tudo nesse local era puro luxo: chamávamos-nos pelos nomes, nosso apartamento era maravilhoso e enorme. Arrumamos-nos e descemos no horário marcado ao encontro de nosso amigo swami, Atma.
Os swamis são mestres que passaram mais de 25 anos preparando-se para assumir a própria vida e dedicar-se à vida espiritual e não pensar na vida familiar, nem mesmo para visitar os parentes. É como se esquecessem a vida passada no momento que resolveram jogar tudo que tem no rio Ganges e saem apenas com roupas de cor laranja, que representa o sol e a felicidade. Os swamis não trabalham e conquistam seus alimentos doando-se as pessoas, assim como precisam de algum Ashana que os aceitem.
Este seria nosso mestre durante esta temporada.
Exatamente no horário marcado olhei a porta do hotel e lá estava ele com algumas dificuldades de entrar. A impressão que tive é que existe limiar entre preconceito e respeito em relação aos swamis para entrar em lugar de luxo é sempre um pouco complicado, mas eles se impõem e entram onde querem.
Fui ao seu encontro e, em cinco minutos, éramos amigos de “infância”. Apressado para sair, sem mesmo saber para onde íamos, delicadamente pediu desculpas e apresentou a amiga Lamita, que o acompanhava, já que seriam duas mulheres e um swami, estranhos entre si.

Ao contrário do que a Rafa pensava, chegou um carro super grande e confortável com um motorista. A todo o momento o swami perguntava se estávamos confortáveis ou se queríamos outro carro.
Ao sairmos, percebemos que o nosso Hotel ficava na região mais rica, ao lado de um bairro de classe alta e alguns escritórios de grandes empresas. Fomos para a mesquita “Jami Masjid” no alto da colina, com três grandes cúpulas, feitas em mármores branco e preto, no ano de 1656. O pátio central abriga 5.000 pessoas nas sextas-feiras de rezas. Para chegar às escadarias da mesquita, passamos por uma enorme rua com muita gente que vende, compra, pede, come, uma loucura e onde se pode ver de tudo misturado, búfalos, lixos, comida e etc. A mesquita é rodeada pelo “Read Fort” feita do arenito vermelho, comum na Índia. Na “Jami Masjid” é permitida a entrada de mulheres, por seu valor turístico.


Saímos de lá e fomos ao Shopping Connaught Place, construído em 1931, muito diferente dos nossos, com arcos e colunas projetados por Robert Tor Russell. As lojas, tendas e restaurantes se misturam e o centro é abarrotado de carros Tuc Tuc e muita gente. É impossível de atravessar a rua, aliás andamos muito, pois precisávamos ir para o outro lado da via e para nos proteger do trânsito, andamos muito em busca de uma situação possível, mas não teve jeito, tivemos de atravessar a rua na sorte. Feche os olhos e vai. (filmei a cena porque é uma loucura).

Estávamos cansados e com fome. Fomos a um restaurante simples. Lamita e o Atma queriam que a gente escolhesse o que comer, mas foi impossível, então eles pediram e foi nossa primeira refeição em terras indianas. A surpresa: e os talheres? Não tem. Come-se naturalmente com as mãos e ao contrário do que pensamos, os indianos são sutis. Não fica uma lambança e é agradável, pois com a mão direita se come e com a esquerda se limpa. Eles fazem isso para sentir a textura dos alimentos.
O swami pediu arroz para experimentamos e a resposta do dono do restaurante foi que não era hora de se comer arroz. Os indianos não comem carboidratos após o descer do sol, tudo em função da sabedoria do corpo e da alma.

Voltamos para o Hotel e fomos direto para a cama, pois no outro dia nosso encontro seria as 8h. Pedimos para Sulamita nos acompanhar, pois ela é uma pessoa muito especial e agradável. Dia seguinte, pontualmente às 8h, lá estavam swami, Sulamita e nosso motorista.
Iniciamos o tour pelo Templo. Em frente, havia uma família benzendo um carro e soubemos que, quando um indiano adquire um carro, leva-o ao templo e faz uma cerimônia de proteção com flores, oferendas, mantras e tudo que têm direito.

Os tempos de Chiva geralmente são molhados, pois utilizam água para banhar o símbolo de Chiva.

Neste mesmo dia, fomos ao Qutb Minar, primeiro reino muçulmano da Índia, é um complexo histórico maravilhoso extremamente rico em detalhes com a maior torre isolada da Índia deixada pelos árabes. As inscrições foram várias vezes cobertas e descobertas, conforme os líderes das civilizações.

Nas entradas dos monumentos há muita gente pedindo e mostrando suas misérias. Tem também pessoas com carrinhos vendendo produtos interessantes como o suco de limão da foto.

Fomos ao templo da flor de Lótus, arquitetura moderna do arquiteto iraniano, Faribuz Sahba, este seria da religião Bahá’í, a qual acredita que todos os seres são iguais. Num ambiente silencioso, o templo em mármore branco envolto a lagos, representando o lugar do Lótus e um gramado de 93 ha, são convidadas até 1.300 pessoas. Lá vemos a democracia religiosa cada um medita em de sua forma particular.

Estávamos mortos de fome. Eu e a minha filha deixamos para o mestre resolver o almoço. Lamita e ele nos informaram que iríamos almoçar na casa de uns amigos. Não entendemos muito bem e eles não souberam nos explicar, enfim, fomos. Ainda bem que havia pegado no Hotel uma caixinha com frutas e chocolates e dei de presente, em agradecimento á recepção que foi ótima.
Fomos recebidos pela mãe e filha. Nos deixaram na sala e as duas foram para cozinha. Eu, gentilmente me ofereci para ajudar, porém na Índia somente entram na cozinha quem faz a comida, a mulher e o marido. As receitas nem sempre são divulgadas ou transmitidas, pois são da comida da família com segredo absoluto. O máximo que fiz foi tirar umas belas fotos desse momento.
Não demorou muito para sermos chamados à mesa e nela só havia toalha. Sentamos e ficamos aguardando as próximas ações. Elas começaram a colocar umas cumbuquinhas de arroz e um pão que parecia uma folha, pode ser frito ou assado, para aliviar a pimenta. Ai constatamos que talheres na Índia não existem e, assim, comemos com as mãos mesmo. O masala chai foi servido ao chegarmos e após o almoço. Sinal de que fomos bem vindos. O indiano tem o convidado como um rei e oferece-lhe tudo. Terminamos o almoço, quiseram tirar muitas fotos e fomos embora.
Neste caso, deu para entender que o swami tem pessoas que gostam de ouvi-lo e ficam com um vínculo com ele, por isso sempre tem casa e comida e seus convidados são bem vindos também. Adoramos a experiência.

De lá, fomos ao Swaminarayan Akshardham, um grande templo num complexo que ainda está em construção. Lá se encontra história, Deuses, dizeres e muito mais. A Índia está se empenhando para que Akshardham seja a oitava maravilha do mundo.
Ao sair do local, pegamos um trânsito indescritível e no caminho fomos encontrando vários casamentos que ajudam a complicar o trânsito e outros festejos que acontecem nessa época, todos muito interessantes. Devido ao congestionamento, chegamos tarde no hotel.
No dia seguinte, íamos para Agra, mas depois resolvemos ir para Jaipur.
Interessante: As partidas e chegadas dos aviões são sempre marcadas no próprio dia, pois se ocorrer neblina, não há viagens. E assim foi nossa combinação: dependendo da neblina, saímos às 9 ou às 11h.
Acabamos saindo rumo a Jaipur. A estrada é uma piada. Não há regras, não há lei de trânsito. Cada um faz o que quer para onde quer: de repente resolve virar e vira ou atravessar, os caminhões e ônibus são uma obra de arte, com suas pinturas em toda a parte.

Leia a parte 3

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