Como arquiteta, sempre busquei estar próxima das artes em viagens nos museus e, com menos frequência, em algumas galerias. Esta presença foi sempre muito viva em minha casa que resultou em um filho artista e criativo em várias obras e ultimamente obras arquitetônicas, que com sua força de trabalho até mesmo físico inaugura sua obra mais completa, o restaurante Fitó em Pinheiros, onde a arte e arquitetura é dele Thomaz Foz e o sabor e gastronomia da Cafira sua esposa. Está ficando lindo, na proposta.
E Rafaela Foz que dedica-se as artes como um todo e sua preferência são as instalações. Atualmente seu Ateliê é na “Casa Dez Barra Doze” no Jardim Europa.
Enfim, por que falar deles?
Porque agora tudo está invertido, quem me
leva são eles e ontem saímos eu e Rafaela para um tour por tour por algumas galerias de arte. Um dia delicioso e com uma vivência fantástica.
Foi na Galeria Fortes Vilaça, na rua James Holland 71 na Barra Funda que encontramos as obras de Rodrigo Cass , artista nascido em 1983 em São Paulo, onde vive e trabalha.
A galeria é um imenso galpão.
Senti-me em NY, numas daquelas tardes que separamos para este fim, mas a alegria é que tudo está aqui em São Paulo próximo e acessível à todos.
Logo na entrada o vídeo nervoso e repetitivo dava-nos as boas vindas, outros pequenos muros nos intrigavam mas foram nas paredes que senti-me dentro de uma poesia.
As telas em linho e cor viva carrega leveza e fragilidade do que temos de mais duro e bruto: o concreto, uma contradição que ficou realmente clara. Quando ao ver um rapaz fotografando as obras identificamos o artista que nos deu atenção total.
Sua simplicidade e profundidade nos esclareceu sua poesia.
Rodrigo que foi seminarista, desenhista de ícones religiosos tem uma religiosidade natural e profunda. Começou nos falando que o que mais gosta em sua arte são os Títulos, pois os títulos definem o sentido da obra como por exemplo “Ascesse” que mostra um sapato subindo em uma coluna de concreto, como se fosse em um degrau, porém em algum momento ele escorrega, assim como na vida, subimos e novamente algo nos faz descer para depois subir novamente.
Ou.
“Encontros amorosos em Círculos”
Onde os círculos entram e saem, penetram nos quadrados, como o próprio amor.
Ficamos encantadas com a pessoa e sua essência.
Fiquei mais encantada quando ele olhou para uma obra e disse “esta obra sou eu” e sorriu. Tratava-se de algo que se construía e desconstruída fragmentando-se e desfazendo-se, assim como a nossa própria existência e busca, realizações e dúvidas .
Fantástico.
A obra e o artista se misturam e se completam como se um não existisse sem o outro.