Kiev

O Banco Nacional da Ucrânia, em estilo italiano, está localizado no antigo bairro da aristocracia. Nossa guia, Valeria contou-nos que ela, como moradora comum, está proibida de passar em frente. Ela tem que contornar a praça. A casa da administração do governo exibe uma escultura conhecida como “cara de uma mulher que chora”, pois quando chove, a água cai de seus olhos numa forma de expressão, em estilo moderno do século 20 (1905). O edifício administrativo é em estilo florentino.

         

A bandeira da Ucrânia tem duas cores: o azul, do céu e o amarelo, dos campos de trigo, fartura no país. Valéria não se conforma porque se planta tanto trigo e na época que não tinham o que comer, as pessoas morriam e o trigo sobrava.

A Casa das Crimelias, comparada a arquitetura de Galdi por sua decoração rebuscada, tem muitas esculturas de animais, mulheres deusas, foi construída por um dos grandes arquitetos ucranianos em estilo modernismo. Era sua casa, mas como não ocupava todos os cômodos, alugava alguns para ajudar na renda familiar. O bairro, na época do comunismo, era o local onde moravam com grandes e belas casas.

Passamos pelo rio Dnieper, o terceiro maior do mundo e deságua no Mar Negro.

A cidade tem em seu passado fatos trágicos. Quando havia fome por volta de 1933, após a revolução dos comunistas, foi organizada a economia soviética. Na Ucrânia, viviam muitos agricultores que não aceitavam o sistema econômico. Para acabar com a discordância, Joseph Stalin mandou saquear toda a comida existente nas fazendas e não permitiu que as pessoas saíssem das suas residências. Com isso, 7 milhões de camponeses morreram de fome. Um monumento representa essa época: uma grande vela, embaixo cruzes, em forma de cárceres, prendem aves que querem voar, representando o povo. Uma garotinha muito magra e descalça representa as inúmeras crianças que morreram. Vladimir Ilitch Lenin ou Lenine foi o primeiro chefe de Estado, depoisStalin na Revolução Russa.

  

O Monastério de Kiev-Petchersk é um monastério cristão ortodoxo monastério mais antigo da Ucrânia e um dos lugares santos da religião ortodoxa oriental. Em 1990, foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, junto com a Catedral de Santa Sofia. Em 2007, foi eleito uma das Sete Maravilhas da Ucrânia.

Entramos na área do monastério dedicada à guerra com as etapas principais dos combates onde há tanques e armas que mostram as técnicas de guerra. Ornamentando as paredes, estão belíssimas esculturas que representam diversas fases das lutas e o povo, que dava suporte. As demais esculturas são literalmente obras de arte, é claro. E aqui termina nosso passeio com Irina, nossa primeira guia.

  

Para finalizar, ela nos sugeriu um restaurante. típico ucraniano, Tsarske Selo, próximo ao Museu das Armas. As sopas fazem parte da entrada em todas as refeições. A gastronomia é à base de carne de servo, porco e vaca.
O vinho excepcionalmente é bom (no dia seguinte soubemos que foi uma sorte o vinho ter sido bom, pois na Ucrânia a corrupção é tanta que até os vinhos são falsificados). O restaurante, muito interessante, tem a decoração que lembra as casas dos camponeses e a vestimenta também. É frequentado, principalmente, por ucranianos. Pedi o prato sugerido pelo maitre e adorei: bife a role recheado com ameixas pretas e, de guarnição, repolhos, tipo chucrutes. O Wilson pediu língua gratinada. Foi muito agradável.

  

No outro dia, pela manhã, ligamos para Valéria, a garota que nos pegou no aeroporto. E como ela não é guia, estava preocupada em nos agradar, mas o passeio foi fluindo, enquanto fomos andando. Pegamos um táxi e pedimos para nos levar à casa de Leon Tolstoi. Porém, está sendo reformada e, por fim, não era exatamente a moradia dele e, sim, onde ficava quando vinha a Kiev. A praça em frente do imóvel tem o nome dele. Estranho que quem comentou foi a Irina a outra guia e ninguém sabia dar-nos mais informações. Passamos pela praça e vimos a escultura em homenagem ao mais importante escritor ucraniano, Taras Shevchenko. Segundo a Valéria, todos são obrigados a lerem na escola e seus textos são em forma de verso e prosa e muito melancólica.

  

Passamos pela universidade. Ao lado, a escultura do segundo escritor mais importante, lysenko. Ele escreve com mais humor e tem uma literatura mais leve. Subimos mais um pouco e vimos a escultura do Yaroslav, o sábio e da primeira rainha, Olga.

Na verdade, fizemos o mesmo caminho do dia anterior, mas desta vez, sabendo um pouco mais sobre a vida e problemas do dia a dia do morador de Kiev. Por exemplo, quando fomos entrar na igreja, Valéria comentou que era proibida de entrar nesta igreja, porque era batizada numa igreja com origem de Moscou. Contou-nos sobre o preconceito aos homossexuais que são, totalmente, discriminados e inaceitáveis. Em Kiev, as pessoas se casam muito cedo, pois aos 18 anos precisam ter suas próprias vidas. Para o casamento, as mulheres precisam fazer uma toalha bordada com as próprias mãos, na qual vão se ajoelhar. Fazem também a sua própria camisa e do futuro marido em ponto cruz. Ao terminar a cerimônia, se quiserem festa, precisam sair do país e realiza-la em algum outro lugar. Isso se tiver dinheiro ou algum amigo. O salário mínimo é de 130 euros ao mês. A corrupção está em todos os lugares.

O programa de ensino gratuito exige que os estudantes trabalhem para o governo durante pelo menos três anos depois de formados, sem ganhar. Entramos num belíssimo restaurante de peixes, mas a Valéria não queria entrar porque jamais havia entrado em tal lugar. Enfim, entrou, se comportou muito bem e, ao final, comentou: “minha mãe sempre disse que precisamos saber sobre os bons comportamentos”.

    

O nosso motorista foi ajudar-me com as malas eu vi que foi colocado sutilmente para fora do hotel e humilhado. Perguntei a Valéria o que se passava e ela, envergonhada, tentou disfarçar, mas me disse que não gostam de pessoas que moram do outro lado, entre nesses tipos de lugares. Claro que, quando ela foi entrar para nos ajudar no hotel, já fui logo falando “ela está comigo”.

Em resumo, Kiev é um lugar lindo. As pessoas são muito bonitas, mas os problemas do local precisam ser vistos e mostrados. Por fim, ela nos sugeriu que, quando voltarmos, irmos a cidades: Odessa, Lviv e Chernivci.

Na manhã, seguinte tínhamos voo. Fui pegar uns bolinhos de queijo que são deliciosos. Foi engraçado porque não tinha pronto, mas em cinco minutos chegou o garçom com um prato feito especialmente para mim. Eu disse que eram muitos e não queria engordar. Ele me disse que não engordam, mesmo porque as mães fazem para as crianças e são magras.

Hoje depois de um ano de nossa viagem estou voltando a esta historia de vida maravilhosa.

Kiev esta em guerra , a todos os momentos meu celular anuncia através da BBC, um novo ataque a cidade e eu fico arrasada, pois não posso imagi

nar aquela gente tão humilde e sofrida , no meio de cultura invejável e uma historia tão longa em tamanho sofrimento.

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