Mostar – Bósnia e Herzegovina

07 de setembro 2013

Mostar é uma cidade da Bósnia e Herzegovina, com cerca de 94.000 mil habitantes, situada na região da Herzegovina, capital do cantão de Herzegovina- Neretva.
Ela é famosa por sua ponte velha, do século XVI, sobre o rio Neretva, situada na parte velha da cidade, que foi reconstruída em 2004 após sua destruição em 1993 em consequência da Guerra da Bósnia. A reconstrução e reabertura da ponte é tida pelos habitantes como um sinal de esperança para o futuro de uma cidade dividida entre croatas e muçulmanos, que têm tido uma relação conturbada ao longo dos tempos. A ponte velha e o centro histórico de Mostar foram classificados como Patrimônio Mundial da UNESCO em 2005.
É nesta cidade que fica a diocese de Mostar-Duvno, onde supostamente ocorreram as aparições de Nossa Senhora de Međugorje, uma das paróquias dessa diocese. As aparições ocorrem desde 24 de Junho de 1981.
Veja o poema escrito por um bósnio:

“Eu não podia falar. Chorei por dias, sempre que eu fui deixado sozinho. Eu não podia acreditar que eu iria viver mais tempo do que a antiga ponte. Foi a nossa ponte. Como é que um francês se sentiria se alguém destruiu a Torre Eiffel? Como é que uma sensação italiana se alguém arruinou o Coliseu?

Falamos de como o nosso amigo, o mais antigo Mostarian quem todos nós respeitado e eram motivo de orgulho. Muitas pessoas foram mortas durante a guerra, mas foi quando a ponte foi destruída que Mostarians espontaneamente declarou um dia de luto.

Eu disse que no momento em que ele deve ser deixado como um lembrete para as gerações futuras do que as pessoas loucas em tempos loucos são capazes de fazer. Mas agora espero que a sua reconstrução vai fazer nesta cidade menos dividida, e que ele vai trazer os dois lados juntos novamente. Estou orgulhoso, é claro. Mas, você sabe, eu ainda sinto que algo foi assassinado aqui. A ponte velha teve a sua patina reconhecível.

Esses construtores me importo, mas isso não vai ser aquela velha ponte. Eu vou mergulhar, e eu vou continuar mergulho enquanto meu coração e corpo pode suportar isso”.

Emir Balic é um residente muçulmano de Mostar, que aos 16 anos fez o primeiro mergulho de 30m da ponte de Mostar – um tradicional rito de passagem para os jovens locais.

Paramos no meio do caminho para tirar fotos, a estrada é maravilhosa, e nesse momento vi um local onde vendia “Pita”, comida típica.
Eles são enrolados grandes de pão bem fino, recheado com carne, ou verduras, ou queijo, ou mistos. São assados em paletas especiais. Deliciosos!


Seguimos mais um pouco e começamos a ver uns restaurantes lotados, com umas rodas que giravam com carneiros inteiros.
Nossa intenção era de não almoçar, por isso havíamos comprado frutas, figos e ameixas da região. Mas como não provar?
Paramos e pedimos meia porção, delicioso! Aos finais de semana as casas como esta estão sempre lotadas, é tradição.

Nossa guia de Sarajevo localizou sua amiga Irma, que nos esperava quando chegamos em Mostar. Nosso Hotel Erro foi o pior que ficamos, mas…
Saímos com nosso carro e fomos primeiro até a Praça Espanha, uma homenagem aos espanhóis que ajudaram os bósnios durante a guerra, e que depois dela, financiaram a reconstrução da praça.
Aqui, como em Sarajevo, os refugiados tiveram abrigo na Espanha. Nossa guia fez faculdade em Madrid após a guerra com ajuda espanhola.
As escolas de dividem em duas, um piso para os croatas, outro para os muçulmanos.
Como em Sarajevo, aqui em Mostar os croatas estavam nas montanhas e de lá atiravam bombas na cidade.
Existem muitos cemitérios no centro da cidade, o que é muito interessante, isso porque eles não podiam sair de onde estavam então faziam os enterros ali mesmo, durante os confrontos.
A OCE, organização que controla a situação política, está localizada próxima à Praça da Espanha.
Os edifícios são utilizados pelos artistas e jovens como símbolo de união, pois não querem que a história se repita, e todos eles vivem mal. Esses edifícios sem restauro estão pichados e desenhados, como forma de expressão.
Na Praça da Espanha foi onde o rei da Espanha reinaugurou , com grande festa.
Na época da guerra, no lugar onde hoje é a praça havia uma tenda que era área neutra, e era ali que as pessoas eram protegidas e onde podiam perguntar sobre outros parentes, pois esta era a única maneira de saber quem ainda estava vivo ou morto. A guerra teve início em 1992, mesmo ano e mesma maneira da guerra que tomou Sarajevo.
Os franciscanos chegaram a Mostar e são importantes, pois se dão bem com os muçulmanos, e após as missas os convidam para discussões e reunião de jovens, na intenção de agregá-los.
A Cidade de Mostar significa ponte (mos) velha (tar).
A Bósnia não pertence à União Europeia porque tem um acordo de paz e não podem trocar as leis.
Em Mostar há pontes, nossa guia que é socióloga gosta delas, pois unem os povos.
A Ponte Velha foi reconstruída com dinheiro turco, pois como serve para a entrada deles em Mostar, pediram sua ajuda, e eles aceitaram colaborar.
Saímos da cidade velha em direção a Blagaj, onde vive um povo islâmico. Falta emprego, falta dinheiro, por isso tudo aqui é muito barato.
O vinho é muito bom.
As montanhas são de pedra e conservam uma lenda:
“A filosofia se iniciou aqui, pois com tantas pedras a única coisa a se fazer era sentar e meditar”.
Nessa região há muitos campos de lavanda.
Na cidade antiga existem muitas lojas de produtos turcos, muitos cafés e restaurantes.
Quando se está perto da ponte é possível ouvir alguns aplausos, são pessoas que pulam dela para ganharem algum dinheiro dos turistas, e com isto tornaram essa prática um esporte importante, existindo até concursos e clubes de saltos.

Na cultura islâmica existem os Sunitas, que são mais fechados. (São como Monges).
Os Sunitas isolam-se em locais fechados como o que estamos. Aliás, esse local é maravilhoso, a foz do rio que nasce dentro de uma gruta azul, e num lugar muito longe.
Existem barcos para entrar na gruta, mas segundo nossa guia esse passeio não vale a pena, pois cobram muito e não se pode entrar, em função da pressão do ar.
Os místicos e poetas do Islã vivem de doações, eles creem que o verdadeiro caminho está no interior, uma espécie de meditação, e para isto precisam sair do mundo e ficar só.
Na primeira semana de Maio eles saem e rodam a noite toda.

DICA: Melhor que ficar em hotéis, procure casas particulares que são especiais e belíssimas, com estilo turco, uma experiência única, com certeza!

Livros indicados pela nossa guia: A Ponte sobre o Drina, de Ivo Andrić.
Derviche e a morte, de Mesa Selimovic.

Atualmente estuda-se o turco, pois veem que a Turquia está crescendo, e por não pertencerem à União Europeia querem negociar com países que também não fazem parte dela; estão se preparando para isso.
No século V e VI chegaram os (isoláveis) através das montanhas. Formaram-se os reinos medievais.
No século XII e XIV chegaram os turcos.

Ditados e crenças:
Acreditam na perfeição divina.
Sendo assim  o mal veio do diabo.
Não acreditavam em imagens.
Bósnia.

E aceitam o é dito mas fazemos o pensam.
_Sabe porque existe o céu?
Para que você pense.
Tentamos ir a uma casa turca, mas já estava fechada.

Os aniversários são festejados nos restaurantes, que normalmente não cobram a refeição, e colocam uma flor do lado esquerdo do peito do aniversariante, e a família faz uma doação, que é do valor da refeição.

Em Mostar existem dois lados, separados por uma avenida, e tudo que tem de um lado, tem do outro também.

DICA: Fique um dia a mais e faça rafting, dizem que é maravilhoso.

Vimos colados nos postes papéis indicando a morte de alguma pessoa, e a data do funeral, a cor do papel indica qual a religião.
Os corpos ficam em geladeiras até o dia do funeral.
Fomos para o Hotel, estávamos muito cansados, mas muito cansados  mesmo.

08 de setembro 2013

Esta manhã nossa guia veio pegar seu dinheiro, pois ontem ninguém tinha troco.
Percebemos a felicidade deles quando vem um turista, pois trabalham um dia para comer no outro. Então ficamos conversando mais um pouco.

Curiosidades:
Irma

nos contou sobre como foi a vida durante a guerra. Eles não tinham comida nem água.
O dia mais feliz da sua vida e inesquecível para ela foi quando, em uma noite de muita fome, ouviram uns barulhos diferentes e saíram para ver o que acontecia.
Nesta noite choviam pacotes com comidas, suprimentos e, acima de tudo, chocolates. Imagine, ela era uma criança e nunca mais havia comido um doce, de repente chove chocolate!
Ficaram trancados em um porão, ela e os outros dois irmãos durante três anos. Ela nos contou que no primeiro dia de ataque todos saíram de suas casas e foram se proteger no centro da cidade, chegando lá os ataques vieram pelo outro lado, e eles ficaram encurralados em meio aos bombardeios. Vimos o local e a destruição em que encontra.
Ela nos disse que os vizinhos atiravam em seus vizinhos. Perguntei: e hoje, como é esta convivência. Respondeu: não há o que fazer apenas conviver, pois não temos como e nem para quem provar os crimes ocorridos.
Nota-se uma mágoa muito grande e um desejo enorme de trabalhar, ter dinheiro, sair em busca de conhecimentos do mundo.
Ela nos questionou, pois soube que em outros continentes a discriminação é por classe social, enfim, por aquilo que você ostenta, e ela disse não entender, pois aqui não existe essa preocupação, a única existente é a religião.
Ela também contou a respeito da época de Tito, disse que era muito bom, nada faltava a eles.

Pedi que ela me falasse um pouco sobre o Império Austro-Húngaro, e foi muito simpática.
O Império Austro-Húngaro na Bósnia, veio após o Império Otomano, e foi pacífico. Pegou um país em crise, e como ficou apenas trinta anos, não teve tempo de fazer muita coisa. A Primeira Guerra Mundial os pegou, e assim o Império acabou.
O que deixaram foram estradas, apesar de serem de terra, pois o asfalto chegou apenas no ano de 1960. Também tiveram influência na arquitetura, e deixaram um país em ordem.
Ela falou sobre o incidente que envolveu Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro, e sua esposa, a duquesa Sofia, este incidente ficou conhecido como Assassinato de Sarajevo.
E por quem? Por um garoto menor de idade, escolhido porque assim a pena seria menor. Atirou do alto da montanha no casal, Ferdinando era muito amado.
Este assassinato foi terrorista, e financiado pelos nacionalistas, e desencadeou a Primeira Guerra Mundial.

Enfim, eu e ela ficaríamos o dia todo conversando, mas tivemos que sair a caminho de Dubrovnik.
Escolhemos um caminho que nos levava a Magigoria, onde a virgem apareceu, ela fica bem no alto da montanha de pedras.
A Igreja é simples e, claro, com uma multidão de peregrinos.
Saímos e logo estávamos na fronteira, onde já havíamos sido avisados que é preciso ter calma, a fila de carros é imensa eles olham tudo vagarosamente.

Irma baralija ibaralija.yahoo.com
O63699223

O Hotel Ero
Não recomendo, dê preferência ao Bristol que foi restaurado em 2012 e está novinho.
O Erro tem apartamentos enormes, porém mal cheirosos, com vazamentos, carpete imundo, colcha da cama nojenta.
O serviço é tão precário que precisei descer de pijama para pedir travesseiros, abridor e ajuda para acessar a internet, que não tive.
O café da manhã era uma vergonha, nem café tinha, era Nescafé.
Meu café da manhã é sempre o mesmo, e nas minhas andanças, como hoteleira, gosto de ver as mesas fartas e bem arrumadas.

 

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