San Petersburgo

Chegamos a San Petersburgo na hora marcada e lá estava nossa guia, Tania, uma jovem simpática. Porém, o motorista, um garoto vestido como se fosse para um almoço de domingo, começa a pegar sem cuidado nossas bagagens, puxando-as pela alça e derrubando. Claro que não me aguentei. Coloquei-me à frente dele e disse que deixasse, pois eu mesma faria o trabalho, para que ele não destruísse nossas malas. Elas precisam suportar as longas viagens. Precisamos fazê-los entender que o turista tem necessidades especiais por estar num momento diferente e que ser guia ou motorista requer certo profissionalismo. Não basta dirigir. Esse fato criou um clima pesado, mas sem problemas.

Fomos passando pelos lugares e a Tânia falando um pouco sobre a cidade e pontos turísticos. San Petersburgo tem uma história muito rica e longa. Mudou de nome por três vezes. Foi capital da Rússia na época de Lenin, pois ele pensava que deveria estar próximo às fronteiras para manter o país protegido, já que está a 54 km da Finlândia e próximo da Sibéria e do mar. Nesta época, chamava-se Leningrado.

Na entrada da cidade existe um monumento e um Arco do Triunfo com história interessante e que orgulha os russos. Napoleão construía um arco do triunfo em cada cidade que conquistava e, por isso, os russos fizeram essa construção em San Petersburgo para festejar a vitória que tiveram contra os franceses. Há dois arcos do triunfo. Como estão distantes não visitamos desta vez, apenas passamos em frente. Pela grande avenida e mais longa da Rússia, que liga San Petersburgo a Moscou a 400 km e 18 horas e viagens (isso porque se passa por muitas pequenas cidades e em velocidade reduzida). Deve ser muito interessante essa viagem fazendo em alguns dias parando para conversar, comer e dormir nesse interior incrível e típico.

Numa região da cidade, que é muito extensa, tem muitos prédios numa única arquitetura, chamada estilo Stalin. São retas severas. Como exemplo dessas linhas é o Jockey Club de São Paulo (não significa que tem o mesmo estilo). Nessa parte, está o Palácio do Conselho de Lenin. No meio do edifício tem um brasão da época de Leningrado. Em sua moldura superior estão vários entalhes de pessoas que ajudaram o governo como soldados, trabalhadores, agricultores, etc., com uma enorme escultura de Lenin à frente, (mesmo porque ele tinha quase dois metros de altura).

Aqui vai uma história muito forte: Durante a década de 40, os nazistas ocuparam esta parte da cidade. Em 1942, o lago que une o centro histórico congelou e chegou a 42 graus abaixo de zero, coisa que há muito não acontecia. Com as margens da cidade sitiada, não havia como entrar e como sair, tão pouco entrar alimento. Com o congelamento do rio, conseguiram que entrassem 120 gramas de pão feito de trigo e ervas para cada pessoa. Era o único alimento que tinha. A cidade perdeu metade de sua população de fome e frio e nem assim deixaram os alemães entrarem. Apesar de tudo, pesquisadores e curiosos perguntavam às pessoas como haviam conseguido sobreviver e resistir, e, emocionadas, nunca conseguiram contar. As tropas ficaram sitiadas por 900 dias.

A cidade possui 41 ilhas e 390 pontes. É linda com muitos canais que passam por todos os lados, margeando edifícios clássicos e barrocos. A cidade foi construída em 1862. Na época, usavam o calendário gregoriano, por isso existem duas datas a serem comemoradas.

 

Chegamos ao nosso hotel em mais ou menos 20 minutos. O Belmond Grande Hotel Europe, na verdade não sei dizer qual dos hotéis é o melhor ou o mais belo. Nosso apartamento é no andar superior e o hotel tem vários restaurantes, bares e lojas. É o mais luxuoso da cidade. Abriu suas portas em 1875. Seu interior é em mármore e foi todo restaurado em estilo art-nouveaux. Em 1995, o filme James Bond teve partes gravadas no local.

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O café da manhã precisa ser comentado, assim como o Caviar Bar. Um dos cafés da manhã mais bem elaborados com serviço perfeito, ao som de piano. Em todas as manhãs, tomamos champanhe com caviar, salmão e panquecas. Combinação perfeita. O Caviar Bar tem atendimento perfeito. Fizemos uma das degustações clássicas com Beluga Negro, uma pequena entrada com caviar amarelo, de peixe branco e mais dois deles que realmente não sei dizer. Essa foi minha estreia em degustação de caviar, apesar de ser uma grande apreciadora da iguaria. O serviço perfeito. De sobremesa, pedimos algo tradicional, como sempre. Lembra aquela sobremesa que comentamos ter saboreado em Moscou, parecendo um suspiro? Foi a mesma. Agora imagina uma feita na padaria e outra de Beluga Caviar? Este simples exemplo deixa clara a importância do chefe de cozinha.

 

Após o champanhe com caviar e salmão, nossa guia, a Olga, chegou no horário marcado com carro e motorista para um city tour. Novamente tivemos problema com o motorista que, segundo a própria Olga, as pessoas aceitam os empregos sem ter responsabilidade e compreensão de seus trabalhos. Os dois ficaram discutindo alguns minutos sobre o trajeto até que chegaram num acordo.

Passamos pela praça Belas Artes, onde há concentração de obras de arte. São aproximadamente 40 mil peças. Passamos pelo teatro que homenageia o diretor espanhol Marink. Construído por Carlos Rosso, arquiteto italiano, em estilo clássico. Saímos na av. Nesk, a principal de San Petersburgo. Nessa via, que é transversal a do nosso hotel, está grande parte dos edifícios em estilo barroco. Onde foi a fábrica de máquina de costura Singer é hoje a maior livraria da Rússia. No primeiro andar tem um café maravilhoso e uma doceira, que parece um sonho de Natal, onde se encontram produtos sofisticados e as pessoas do bairro vão para um chá com suas famílias.

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A grande galeria em arcos, onde acomoda um grande shopping center. É tão grande que entrei e o Wilson ficou num dos bares. Quando saímos imaginamos sair pela mesma porta, mas estávamos do outro lado. Andamos muito para voltar na avenida. A maior quantidade de seus produtos é casacos de pele de todos os tipos e modelos. Para quem gosta e quer adquirir um bom, a Rússia é o local ideal, mesmo porque está próximo da Sibéria.

 

Uma história interessante é sobre Faberge. Na época da dinastia dos Romanov (1885), o joalheiro Peter Carl Faberge presenteou uma das czarinas da corte no dia da Páscoa com um pequeno ovo contendo uma surpresa: uma galinha de ouro com seus ovos, numa perfeição que emocionou toda a corte. (para ver paga-se um bilhete à parte). Dai para frente, tornou-se uma tradição a encomenda desses ovos para serem oferecidos à Czarina, na Páscoa. Os temas escolhidos eram de batalhas ou acontecimentos importantes.
Durante a revolução e com o extermínio da dinastia, os ovos foram vendidos na Europa, alguns ainda não foram encontrados, outros estão em museus dos Estados Unidos e da Europa.

 

Por indicação da nossa guia, reservei o restaurante Saint Petersburg, em frente ao canal e a Igreja do Sangue Derramado. Ela me disse que a comida era ótima e o show também. Não gostei e não recomendo. A comida é razoável e show péssimo.

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